Art by Karol Bąk
Chove forte...
Chove forte, fortemente
Cai a chuva no meu jardim
Não posso estar contente
Por a chuva cair assim
Molha teu ventre gelado
E eu não sei como o aquecer
Teu corpo, por mim sagrado
Vejo-o frio e a tremer
São lágrimas que brotam
E escorrem em direção à foz
Para mim muito me importam
Nas tuas lágrimas perco a voz
Queria ser tua nascente
Ser rio a ir até ao mar
Tu, tem isso bem presente
Se um dia te puder amar
Da nascente até à foz
Que é o mesmo que dizer
Na tua boca perder a voz
Na tua foz, dar-te prazer
E continua lá fora a chover
Uma chuva que é tão forte
Vejo-te na vidraça, que prazer
Mas que raio, a minha sorte
Chove forte, fortemente
É o que aqui me apraz dizer
Dentro de portas tão contente
Vejo as lágrimas a escorrer
Armindo Loureiro