AMEI-TE
Amei-te,
no deserto das noites, com a brisa a roubar-me o ar
num borbulhar frio sem emoções, com a mente em tempestade
Amei-te,
nas palavras sem tempo, que me escapavam da garganta
no silêncio dos beijos nunca sentidos
Amei-te,
de olhar pousado no céu dos sonhos e na soma de todos os versos
Amei-te,
nas noites mal dormidas, no cansaço da espera, carregando a dor no peito
Amei-te,
de alma cansada e mente inquieta
com o olhar a verter sal, nas mãos tatuadas de ausências
Amei-te,
despida de preconceitos, sem fórmulas e sem ensaios
Amei-te,
no vazio dos gestos, em soluços
com as minhas mãos que gritavam, implorando o teu amor
Amei-te,
com um amor ardente, que me queimava o ventre
E tu... viveste a meu lado e entregaste a alma ao diabo
Foste desilusão, frustração
Roubaste-me a felicidade, roubaste-me a liberdade de voltar a sonhar
Hoje, sou silêncio na melodia das primaveras
E resistência, na ceiva das chuvas geladas de inverno