COMO SE EM TEU CORPO
Em meus devaneios eu queimei paixões,
como se o meu corpo fosse fogo posto
p’los teus olhos garços, cachos temporões
e os meus lábios rubros fossem vinho e mosto.
Como se em teu corpo houvesse prisões,
Que acorrentassem um sorriso exposto.
Como se ar e terra tivessem razões,
p’ra orgias fogosas, em pleno Agosto.
Como se o meu corpo fosse mar e vento,
teu meigo sorriso fosse o meu sustento
nas brisas que passam roçando o teu rosto.
Como se este cante que trago comigo,
E a tua lembrança fossem meu castigo,
eternas paixões de que tanto gosto.
© Manuel Manços